Escolher as competências certas no CV aumenta a sua taxa de resposta e mostra, em segundos, porque é a pessoa certa para a vaga. O desafio não é ter muitas, é saber quais apresentar e como provar que as domina. Este guia explica o que são competências no CV, como decidir quais incluir, e oferece exemplos práticos para diferentes áreas, com foco nas soft skills e nas competências a valorizar no CV.
O que são competências profissionais e por que incluí-las no currículo
Competências profissionais são habilidades, conhecimentos e aptidões que você desenvolveu ao longo da carreira e que permitem executar tarefas com eficácia. No currículo, as competências funcionam como palavras-chave estratégicas que recrutadores e sistemas ATS procuram para avaliar se você é adequado à vaga. Incluir as competências certas aumenta suas chances de passar pela triagem inicial e ser chamado para entrevista.
As competências no CV podem ser classificadas em: hard skills (técnicas e mensuráveis), soft skills (comportamentais), competências transferíveis (aplicáveis em vários contextos) e habilidades específicas como domínio de ferramentas, idiomas e certificações.
As hard skills representam o conhecimento técnico mensurável que você desenvolveu ao longo da carreira. Podem incluir linguagens de programação como Python, SQL ou Java, capacidade de modelagem de dados e uso de ferramentas de business intelligence. Também entram nessa categoria o domínio avançado de Excel com recursos como Power Query e Tabelas Dinâmicas, experiência com sistemas ERP e CRM, conhecimento em contabilidade, análise financeira e controlo de gestão. Para profissionais de marketing, competências em SEO, Google Analytics, Google Ads e email marketing são fundamentais. Engenheiros e profissionais técnicos valorizam desenho técnico, CAD e leitura de plantas. Gestores de projetos destacam metodologias ágeis, PMBOK e Scrum. Já áreas regulamentadas enfatizam conhecimento em segurança no trabalho, normas ISO e compliance.
As soft skills no CV representam as competências comportamentais mais valorizadas pelo mercado atual. A comunicação clara e a capacidade de adaptar a mensagem a diferentes públicos são essenciais em praticamente todas as funções. A colaboração efetiva, aliada à escuta ativa e à gestão construtiva de conflitos, define equipes de alto desempenho. Organização, gestão eficiente do tempo e priorização criteriosa de tarefas são competências que fazem a diferença na produtividade. O pensamento crítico e a resolução estruturada de problemas distinguem profissionais que apenas executam daqueles que agregam valor estratégico. Proatividade, autonomia e responsabilidade demonstram maturidade profissional. Resiliência, gestão de stress e flexibilidade são cada vez mais importantes em ambientes de mudança constante. Para cargos de liderança, a capacidade de motivar equipes e exercer influência positiva é determinante.
Competências transferíveis são aquelas que você leva de um contexto para outro, independentemente do setor ou função específica. A capacidade de análise e síntese de informação, por exemplo, serve tanto para um analista financeiro quanto para um gerente de produto. Habilidades de negociação e orientação para resultados atravessam fronteiras entre vendas, compras e gestão de projetos. Experiência com atendimento e foco no cliente ou utente é valorizada em contextos muito diversos. A capacidade de aprendizagem rápida, especialmente em ambientes tecnológicos em constante evolução, tornou-se uma meta-competência fundamental.
No que diz respeito a idiomas e competências digitais, é essencial especificar o nível de proficiência usando o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, que vai de A1 a C2. Por exemplo, Inglês C1 e Espanhol B2 comunicam com precisão sua capacidade. Quanto a ferramentas, liste domínio de Pacote Office ou Google Workspace, experiência com sistemas CRM e ERP, familiaridade com ferramentas de design, e conhecimento de plataformas de atendimento e ticketing.
Como escolher as melhores competências para seu currículo em 5 passos
O primeiro passo é ler a vaga com atenção analítica e extrair os requisitos fundamentais. Sublinhe todas as competências mencionadas, tanto técnicas quanto comportamentais. Identifique sinônimos e variações de termos, pois "análise de dados" pode aparecer como "data analysis" ou "análise quantitativa". Mapeie as cinco a sete competências que você considera mais importantes para destacar no CV em relação àquela função específica.
Em seguida, faça um inventário completo de suas próprias capacidades. Liste tudo o que sabe fazer, incluindo projetos significativos, cursos realizados, certificações obtidas e resultados mensuráveis alcançados. Não se limite apenas a experiências profissionais formais: inclua vivências acadêmicas, trabalho voluntário e projetos pessoais que demonstrem competências relevantes.
O terceiro passo é priorizar suas competências pelo impacto potencial. Avalie primeiro a relevância direta para a vaga, lembrando que competências diretamente aplicáveis valem mais que competências apenas transferíveis. Considere seu nível atual de domínio e a atualidade do conhecimento, pois competências desenvolvidas ou aplicadas recentemente têm mais peso que habilidades antigas não praticadas. Identifique seus diferenciadores: competências raras no mercado ou críticas para aquela função específica podem ser seu grande trunfo. Para conhecer as competências mais valorizadas em 2026, consulte nosso guia atualizado.
O quarto passo, frequentemente negligenciado, é provar cada competência com evidências concretas. Associe resultados mensuráveis a cada habilidade listada, usando números, escopo e contexto. A técnica Situação-Ação-Resultado funciona bem mesmo em formato condensado. Por exemplo, em vez de simplesmente listar "Gestão de projetos", escreva "Gestão de projetos: entreguei 12 projetos de TI em 2026, sendo 93% no prazo e com orçamento inferior ao planejado em 4%".
O quinto e último passo é formatar suas competências de forma clara e escaneável. Crie uma seção dedicada com o título "Competências" contendo no máximo de oito a doze itens. Combine hard e soft skills de maneira equilibrada. Especifique o nível de proficiência quando isso fizer sentido, como "Inglês C1" ou "Excel avançado". Além dessa seção dedicada, espalhe suas competências-chave também nos bullet points da experiência profissional, mostrando-as em ação. Para entender como estruturar todo o seu CV de forma coesa, consulte nosso guia sobre como escrever um CV.
Quais competências colocar no currículo? Exemplos por área profissional
Para profissionais de administração e operações, competências valiosas incluem planeamento e organização de processos, Excel avançado, domínio de sistemas ERP, controlo de stocks, atendimento eficiente, elaboração de relatórios e análises, e gestão documental rigorosa.
Na área comercial e de atendimento, destacam-se a prospecção ativa de clientes, uso estratégico de CRM, negociação eficaz, gestão de pipeline de vendas, follow-up consistente, excelência no pós-venda, orientação clara a metas e comunicação persuasiva.
Profissionais de marketing e comunicação devem enfatizar conhecimento em SEO e SEM, domínio de Google Analytics, gestão de redes sociais (Social Media), automação de marketing, habilidades de copywriting, gestão de branding, criação e gestão de conteúdos, e capacidade de reporting de resultados.
Para finanças e contabilidade, são essenciais competências em fecho mensal, reconciliações contábeis, análise de custos, elaboração de orçamento e forecast, conhecimento de normas IFRS ou SNC, experiência com auditoria interna e controlo de gestão.
Profissionais de TI e dados devem destacar linguagens como Python e SQL, experiência com modelagem de dados, processos ETL, desenvolvimento e integração de APIs, conhecimento de plataformas cloud, domínio de ferramentas de versionamento como Git, experiência com testes de software, noções de cibersegurança e familiaridade com práticas DevOps.
Na área de RH e formação, as competências chave incluem recrutamento e seleção, condução de entrevistas estruturadas, processos de onboarding, desenvolvimento de pessoas, noções de legislação laboral, gestão de clima organizacional e engagement, e conhecimento básico de payroll.
Para logística e indústria, valorize planeamento de produção, metodologias Lean e 5S, controlo de qualidade, manutenção preventiva, conhecimento de normas de segurança, leitura de plantas técnicas e noções de CAD.
Profissionais de saúde e serviço social devem enfatizar conhecimento de protocolos clínicos, rigor em registos e confidencialidade, comunicação empática com utentes, capacidade de trabalho em equipa multidisciplinar, empatia genuína e flexibilidade para gestão de turnos.
Competências transversais de idiomas e ferramentas digitais incluem especificação clara de proficiência linguística (como Inglês C1 ou Espanhol B2) e domínio de ferramentas como Pacote Office ou Google Workspace, capacidade de criar apresentações impactantes, experiência com videoconferência profissional e familiaridade com ferramentas de colaboração remota.
Como escrever competências de forma convincente
A especificidade é fundamental para tornar suas competências críveis e relevantes. Em vez de listar genericamente "Informática", escreva "Excel avançado com domínio de Power Query e Tabelas Dinâmicas". Ao invés de simplesmente mencionar "Vendas", detalhe "Gestão de pipeline no CRM com volume de 200+ leads por mês e taxa de conversão 18% acima da média da equipe".
Dar contexto e resultado transforma competências abstratas em evidências concretas. Por exemplo, "Negociação: alcancei redução média de custos de 7% em contratos com 25 fornecedores estratégicos ao longo de 2026". Ou ainda, "Liderança: coordenei equipe de 8 pessoas, elevando o NPS interno em 15 pontos percentuais em 12 meses".
Indique nível de proficiência sempre que for mensurável e verificável. Para idiomas, use o padrão CEFR (A1 a C2). Para ferramentas tecnológicas, especifique básico, intermediário ou avançado. Mencione certificações ativas quando relevantes.
As soft skills ganham credibilidade quando validadas com evidências tangíveis. Em vez de apenas afirmar "Comunicação", escreva "Comunicação: facilitei workshops trimestrais para 60 participantes, com avaliação média de 4,7/5 em clareza e didática".
Erros comuns ao listar competências (e o que fazer em vez disso)
Ser genérico é o erro mais comum. Simplesmente listar "trabalho em equipa" sem qualquer prova ou contexto não agrega valor ao seu CV. Prefira algo como "Coordenei squad multifuncional de 6 pessoas, mantendo entregas quinzenais com zero atrasos durante 4 meses consecutivos".
Exagerar níveis de competência é outro problema frequente. Evite rotular-se como "expert" sem base sólida para essa afirmação. É mais prudente e honesto indicar "nível intermediário" acompanhado de um exemplo concreto de aplicação do que fazer promessas que a entrevista técnica pode desmentir.
Listas excessivas diluem o impacto das competências realmente importantes. Oito a doze competências bem escolhidas e comprovadas vencem facilmente uma listagem de 25 habilidades superficiais que você mal domina.
Incluir competências desatualizadas ou obsoletas prejudica sua imagem profissional. Remova ferramentas que não são mais usadas no mercado e substitua-as por tecnologias e metodologias atuais que demonstrem que você está atualizado.
O uso de ícones e barras de progresso pode parecer moderno, mas frequentemente atrapalha mais do que ajuda. Sistemas de triagem não leem gráficos, e a subjetividade das barras de nível (três estrelas de cinco significam o quê, exatamente?) gera mais confusão que clareza. Prefira níveis padronizados e evidências concretas.
Duplicar competências com nomes ligeiramente diferentes, sem acrescentar novo valor ou contexto, é outro desperdício de espaço precioso. Certifique-se de que cada item da sua lista de competências traz informação única e relevante.
Exemplos prontos para copiar e adaptar
Para gestão de projetos, experimente algo como "Gestão de projetos: coordenei 12 projetos anuais de infraestrutura, com 93% de entregas no prazo e orçamento 4% abaixo do planejado".
Em análise de dados, "Análise de dados com SQL e Excel avançado: desenvolvi dashboards mensais para a diretoria, reduzindo o tempo de tomada de decisão em 35%".
Para atendimento ao cliente, "Atendimento ao cliente: mantive CSAT de 4,7/5 ao longo de 18 meses e reduzi tempo médio de resposta em 22% através de padronização de processos".
Na área de negociação, "Negociação: gerenciei portfólio de 25 fornecedores estratégicos, alcançando poupança média de 7% sem comprometer qualidade ou prazos de entrega".
Para comunicação, "Comunicação corporativa: conduzi apresentações executivas para 60+ participantes, com feedback médio de 4,6/5 em clareza e impacto".
Em SEO, "SEO técnico e de conteúdo: aumentei tráfego orgânico em 35% em 6 meses através de otimização de 20 páginas-chave e estratégia de link building".
Para liderança, "Liderança de equipe: gerenciei equipe de 8 pessoas, reduzindo rotatividade em 12 pontos percentuais em 1 ano através de desenvolvimento individual e reconhecimento".
Com idiomas, "Inglês C1 fluente: conduzo reuniões semanais com clientes internacionais e elaboro relatórios técnicos sem revisão".
Para perfis juniores ou sem experiência formal, adapte os exemplos para contextos acadêmicos ou de voluntariado. Por exemplo, "Análise de custos: desenvolvi estudo de caso para disciplina de Controladoria com recomendação que foi implementada pela empresa parceira". Ou ainda, "Organização de eventos: coordenei evento para 300 pessoas, captando 12 patrocinadores e fechando o projeto dentro do orçamento previsto". Incluir cursos e certificações recentes e relevantes também fortalece o perfil. Para aprender mais sobre como valorizar essas experiências, consulte nosso guia para CV sem experiência.
Mini-FAQ sobre competências no CV
Quantas competências devo incluir no meu CV? Em regra geral, entre 8 e 12 competências bem justificadas e relevantes para a vaga são suficientes. Qualidade supera quantidade.
Onde devo colocar as competências no CV? Crie uma seção dedicada e claramente identificada, mas também reforce as principais competências nos bullet points da experiência profissional e, se usar, no resumo profissional do topo do documento.
Devo indicar nível de proficiência? Sim, sempre que for mensurável de forma objetiva. Para idiomas, use os níveis do quadro europeu (A1 a C2). Para ferramentas tecnológicas, especifique básico, intermediário ou avançado. Para soft skills, prefira usar evidências concretas ao invés de auto-avaliações subjetivas.
Como lidar com competências em candidaturas com triagem automática? Use exatamente as mesmas palavras que aparecem na descrição da vaga, evite ícones e formatações complexas que o sistema não consiga interpretar, e garanta que suas competências estão em texto simples e claro.
Síntese prática
Escolha competências que estejam genuinamente alinhadas tanto aos requisitos da vaga quanto ao seu nível atual de domínio. Priorize impacto e atualidade, equilibrando cuidadosamente hard skills técnicas com soft skills comportamentais. Prove cada competência listada com contexto específico e resultados mensuráveis sempre que possível. Mantenha sua lista de competências concisa, clara e constantemente atualizada conforme sua carreira evolui e o mercado se transforma. Evite os 10 erros mais comuns no CV e use a nossa checklist de CV perfeito para garantir que seu CV está completo.
